sábado, 22 de agosto de 2009

Casarão vazio


A CASA DO TEMPO PERDIDO

Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade;
a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém,
e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater.
O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.
O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.

Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postar comentário