sábado, 29 de agosto de 2009

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"


"O Pequeno Princípe" é um livro cheio de  detalhes, mensagens, algumas explícitas, já outras, que necessitam de um pouco mais de sensibilidade e reflexão , mas que podem ser muito úteis para as nossas vidas se soubermos  interpretá-las e se as colocarmos em prática. 
Uma das quais eu mais gosto: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.".
No trecho abaixo, a raposa esperta ensina o pequeno príncipe a compartilhar e ajuda-lhe a ver que, apesar de existirem muitas e muitas flores parecidas, a rosa dele é única, e foi o tempo que ele dedicou a ela que a fez tão importante.
A raposa ensina ao principezinho que só conhecemos bem aquilo que cativamos. Cativar quer dizer conquistar e requer responsabilidade. O verbo “cativar” também significa “criar laços”. O conhecimento pleno de outra pessoa e o amor que surge entre dois seres humanos só se torna real a partir da experiência da conquista e quando se abre o coração para que isso aconteça. Nesse sentido, cativar significa realmente ser responsável pela pessoa que eu amo.
Responsabilidade por um amor, por um amigo, pelos dons que possuímos e pelo que conquistamos, não importa em qual seara da nossa vida, aquilo que cativamos tem que ser cuidado com amor para que cresça e se frutifique.
 Não devemos ter medo de sermos responsáveis por aquilo que cativamos, que amamos. A irresponsabilidade diante do outro ou o medo diante do novo apenas revela a fraqueza e a insegurança do nosso ser, o que tantas vezes reflete em pura covardia e nos inibe de assumirmos certas responsabilidades ou até de vivermos coisas que seriam grandes fontes de felicidade e de crescimento, pois é muita mais fácil e cômodo continuarmos como estamos, no mesmo lugar.
Para quem tiver a sensibilidade de enxergar o essencial e de ver com os olhos do coração, recomendo a leitura do referido trecho:

XXI
E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer "cativar" ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis  e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É  a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas? Eu procuro amigos.
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim  único no mundo. E eu serei para ti  única no mundo...
[...]
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me  tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa então calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor...cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! 
- Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte, o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração....É preciso ritos.
- O é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
-Ah! Eu vou chorar!
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
-Quis, disse a raposa.
-Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
-Então, não sais lucrando nada!
-Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
-Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam ddesapontadas.
-Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um  transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
-Adeus, disse ele....
-Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa.... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

SAINT- EXUPÉRY. Antoine de. O Pequeno Princípe. 42. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1994.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

GROW UP !



ETAPA FINAL


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu....

Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.

Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..

E lembra-te:

Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.


" Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. De aí a sua perfeita execução da obra de arte "




autor do texto : FERNANDO PESSOA

terça-feira, 25 de agosto de 2009

WALK ON !



Walk On - U2

"And love is not the easy thing

Is the only baggage that you can bring

Love is not the easy thing

The only baggage you can bring

Is all that you can't leave behind"



And if the darkness is to keep us apart
And if the daylight feels like it's a long way off
And if your glass heart should crack
And for a second you turn back
Oh no, be strong
(Chorus)
Walk on! Walk on!
What you got, they can't steal it
No, they can't even feel it
Walk on! Walk on!
Stay safe tonight
You're packing a suitcase for a place
None of us has been
A place that has to be believed to be seen
You could have flown away
A singing bird in an open cage
Who will only fly, only fly for freedom
(Chorus)
Walk on! Walk on!
What you got, they can't deny it
Can't sell it, or buy it
Walk on! Walk on!
You stay safe tonight
And I know it aches
How your heart it breaks
You can only take so much
Walk on! Walk on!
Home!
Hard to know what it is
If you never had one
Home!
I can't say where it is
But I know I'm going
Home!
That's where the hurt is
And I know it aches
And your heart, it breaks
And you can only take so much
Walk on!
You've got to leave it behind:
All that you fashion
All that you make
All that you build
All that you break
All that you measure
All that you feel
All this you can leave behind
All that you reason, it's only time
And I'll never fill up all I find
All that you sense
All that you scheme
All you dress-up
All that you've seen
All you create
All that you wreck
All that you hate

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

JARDIM INTERIOR




JARDIM INTERIOR

Todos os jardins deviam ser fechados,
       com altos muros de um cinza muito pálido,
 onde uma fonte
 pudesse cantar
 sozinha
entre o vermelho dos cravos
O que mata um jardim não é mesmo
  ausência
     o abandono...
      O que mata um jardim é esse olhar vazio
  de quem por eles passa indiferente.


          MARIO QUINTANA

domingo, 23 de agosto de 2009

PARA A VIDA

 A pergunta a se fazer

" É preciso, no momento de contrair matrimônio, fazer-se esta pergunta: acreditas que podes ter uma conversa agradável com essa mulher até a velhice? Todo o resto é transitório no casamento, mas quase o tempo todo da vida em comum se volta à conversa"

 NIETZSCHE, Humano, demasiado humano.

sábado, 22 de agosto de 2009



EXPECTATIVA e Frustração - PERSPECTIVA e Esperança


Esperava-se justiça em uma causa e ela não veio.

Esperava-se cura de uma doença e ela não aconteceu.

Esperava-se passar em um concurso e não deu.

Esperava-se solucionar um problema e ele complicou ainda mais.

Esperava-se fidelidade amorosa de uma pessoa e houve traição.

Esperava-se uma vitória e o que se apresentou foi derrota.

Esperava-se um Messias libertador e ele veio falando de flores e pardais.

Esperava-se um desfecho triunfante sobre os inimigos e o final foi a morte solitária na cruz.


Certamente você já passou por momentos de frustração em sua vida.Você esperava um determinado desfecho e o que aconteceu foi exatamente o contrário. E o coração ficou ferido, senão despedaçado. Lidar com a decepção não é fácil, pois implica o abandono das expectativas que tínhamos em relação a alguma pessoa ou situação.

Buda dizia que o homem sofre porque tem expectativas. Ele fez uma leitura correta daquilo que nos acontece. Quanto mais expectativas se nutre, mais sofrimento pode ser gerado, pois todas realidades são mutantes e não estão sob o controle de nossos desejos. Não é verdade que isso acontece até mesmo em relação às nossas coisas pessoais? Nós mesmos não damos conta daquilo que acontece em nosso interior.

O que fazer, então? Deixar de esperar? Tornar-se cético? Ou procurar olhar além do que eu espero e acolher a dádiva que cada realidade me apresenta mesmo quando não correspondem exatamente àquilo que eu esperava? Quando nos educamos nesta perspectiva, somos abertos à novidade que a vida como um todo nos apresenta.

Talvez seja isso: deveríamos trocar a EXPECTATIVA pela PERSPECTIVA. O dicionário Aurélio assim define Expectativa: esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. Já a definição de perspectiva é esta: arte de representar os objetos sobre um plano tais como se apresentam à vista; um aspecto sobre o qual uma coisa se apresenta ; ponto de vista.

Há também, no dicionário, uma equivalência conceitual entre expectativa e perspectiva, mas é interessante notar que o conceito de perspectiva é mais amplo. Se nutro expectativas, baseio-me em "supostos direitos ou probabilidades ou mesmo promessas"; se nutro perspectivas, sei que estou me colocando em um ponto de vista e todo ponto de vista é apenas a vista de um ponto, ou seja, não se tem o domínio da visão do todo, apenas da parte. Nutrir expectativas é querer que aquilo que eu penso ou sinto ou vejo seja a exata compreensão do que esta acontecendo ou do que estou esperando em seu todo. Daí, exatamente, nasce a frustração, pois nenhum de nós consegue perceber o todo, sempre vemos em partes. Ter perspectivas é aceitar a representação que faço, mas sempre sabendo que é de um determinado ponto de vista e não na apreensão do todo.

As Sagradas Escrituras nos situam na direção da perspectiva: "Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações . Pois sabemos que a tribulação produz paciência, a paciência prova fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança. E a esperança não engana" (Rm. 5,3-5ª). O termo esperança só aparece depois que são citadas a tribulação, a paciência, ou seja, ultrapassou-se a barreira das expectativas nutridas e das frustrações possíveis e entrou-se no campo da esperança, essa, sim, que não decepciona. Expectativas decepcionam; a esperança não!

E ainda São Paulo que nos fala da impossibilidade de vermos o todo enquanto aqui estamos: "Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente; como eu sou conhecido" (1Cor. 13, 12).Tudo o que aqui percebemos, e conseqüentemente esperamos, é sempre percebido como que num espelho, ainda em parte. Ficar por isso frustrado? Não; ao contrário! Somos livres daquela frustração que se enraíza, pois sabemos que até mesmo uma derrota ou decepção que sofremos é relativa e ali mesmo pode estar embutida uma grande vitória. Ai, sim, está a real esperança que se baseia não no que se percebe, mas na fé e que vai além da história, tocando a meta-história, o que esta além desse plano.

Humanamente a vida lhe foi um fracasso; seus perseguidores o abandonaram; muitos dos que o aclamavam com "vivas" gritavam para que o crucificassem; a resposta para tanto amor doado foi a cruz. Aqueles que nutriam expectativas de um final triunfante para sua missão o abandonaram, como aconteceu com Judas. Mas aqueles que tinham uma perspectiva muito maior do que era apenas visível, superaram o terror da morte e sua frustração e provaram a força da ressurreição.

Pense em relação à sua vida se não é isso que acontece. Creia, espere, vá além, daquilo que os olhos vêem. Aprenda a esperar e a lidar com suas frustrações e decepções. Saiba que a página final da história daquele que crê em Jesus ainda esta por se escrever. E siga em frente, elaborando suas perdas, chorando frustrações e superando etapas. Um dia você conhecerá como hoje você é conhecido!

Autor: Pe. Sérgio Luiz e Silva, C.Ss.R


Casarão vazio


A CASA DO TEMPO PERDIDO

Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu.
Bati segunda vez e mais outra e mais outra.
Resposta nenhuma.
A casa do tempo perdido está coberta de hera
pela metade;
a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém,
e eu batendo e chamando
pela dor de chamar e não ser escutado.
Simplesmente bater.
O eco devolve
minha ânsia de entreabrir esses paços gelados.
A noite e o dia se confundem no esperar,
no bater e bater.
O tempo perdido certamente não existe.
É o casarão vazio e condenado.

Carlos Drummond de Andrade

Anjo da Guarda


Meu doce companheiro,

Silencioso amigo de todas as horas.

Invisível, mas nem por isso menos real.

Ouço por vezes teu sussurrar em meus ouvidos.

Quantas vezes tua mão, sem que eu mesmo soubesse,
me livrou de algum perigo.

Quantos golpes desviastes do meu caminho.

Quantos males foram dissipados como
nuvens diante de teu forte sopro.

Quando acordo, saúdas-me com um sorriso generoso. 
Quando me levanto, me tomas pela mão.

Quando caminho, guias os meus passos.

Quando trabalho, me dás tua destreza.

Quando me alimento, me lembras que não só de pão vive o homem.

Quando descanso, me alivias as tensões

Quando oro, levas minhas preces ao coração do Pai.

Quando durmo, velas por meu sono.

Quando algum mal me aflige, me envolves com tua proteção.

Quando erro, suavemente me corriges.

Quando acerto, alegremente me aplaudes.

Quando alguma vitória conquisto, vibras comigo.

Quando alguma derrota sofro, me devolves o ânimo.

Quando sou tomado pela dor, enxugas as minhas lágrimas.

Quando me sinto envelhecendo, me lembras que uma eternidade me espera.

Quando a morte avizinhar-se de mim, segurarás firme a minha mão.

Quando a morte, por fim, me abraçar, meus olhos se abrirão e te verei assim como és.

E sorrindo, juntos, iremos ao encontro do Pai.

Tu és o meu Anjo da Guarda!

Autor desconhecido