sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Em Busca de Respostas

"Há pouco tempo, estive no México. Lá tive o prazer de visitar as famosas pirâmides de Teotihuacán, construídas pelas valorosas civilizações indígenas que povoaram o território mexicano antes da conquista dos espanhóis.
Não é uma escalada fácil. Demanda competência, muito esforço e grande força de vontade. São os mesmo fatores necessários para se vencer na vida pessoal e na carreira profissional. O desafio de subir a pirâmide me fez refletir sobre uma questão desconcertante: "Por que há tantos executivos frustrados com suas carreiras?"
Para explicar o fenômeno, tenho recorrido à analogia de duas outras pirâmides. A primeira é a Pirâmide de Necessidades de Maslow, tese elaborada pelo psicólogo e professor do MIT, Abraham Maslow (1908 – 1970), onde ele cita que um ser humano deve atender em boa parte certa necessidade para, então, passar a uma outra hierarquicamente superior.
Na base da Pirâmide de Maslow, encontra-se a maioria da população - preocupada em atender suas necessidades fisiológicas: comer, respirar, dormir etc. Acima, encontramos uma parcela menor, já preocupada com sua segurança, dentro de uma perspectiva individualista.
Subindo na pirâmide, há outros seres humanos focados na ascensão social ou na necessidade de pertencer a grupos diferenciados. E afunilando mais ainda, temos uma parcela menor de pessoas preocupadas com a estima ou admiração dos outros.
Maslow identificou nesse nível um outro grau de estima mais elevado, a auto-estima: a própria pessoa se admira, se gosta e goza de independência, que define como o direito de ser quem você é. E, por último, no topo da pirâmide, encontra-se uma pequeníssima parcela da população (o autor cita que representa menos de 2%) que atingiu a auto-realização, ou seja, seu pleno potencial - pessoas como Cristo, Buda, Gandhi, Tómas de Aquino e alguns outros.


Tomando emprestada a pirâmide de Maslow, elaborei, após muitos anos lidando com executivos e profissionais, uma tese que denominei de "Pirâmide de Realização no Trabalho". Ou como alguns amigos chamam: Pirâmide do Wong.
Na base dessa pirâmide, equivalente à nossa necessidade fisiológica, está o emprego, que possibilita obter os recursos ou um salário para comermos e assim sobrevivermos. Mas sabemos que um emprego não nos dá segurança; procuramos então adquirir uma profissão, a de engenheiro, advogado, administrador, professor etc.
Com um diploma, a pessoa não se contenta em ser um profissional raso; quer progredir, ascender, pertencer a grupos ou hierarquias diferenciadas. Ou seja, almeja uma ascensão profissional e tenta esta escalada no mundo corporativo por meio de uma carreira.
Em meus anos como headhunter e consultor empresarial, tenho percebido uma crescente frustração com a carreira no meio executivo. Por quê? Se almeja uma promoção e não a consegue, você fica frustrado. Caso a consiga, está preparando sua próxima eventual frustração, pois vai querer mais uma outra promoção. Para quem não sabe, a palavra carreira deriva-se expressão latina “via carrera”. Na prática, isso significa a via ou o caminho das carroças e carretas.
Não é uma boa definição? A pessoa entra nos trilhos e não consegue sair mais daquela via. Podemos dizer que ficou “bitolada”.
Se emprego não é a solução, nem profissão e tampouco a carreira, qual é a saída que lhe dará a auto-estima, a realização e a liberdade? Esta palavra, meu caro leitor, é a vocação, que também vem do latim e significa "sua voz interior", "seu chamado". Para aqueles que encontram sua verdadeira vocação através do auto-conhecimento, o universo celebra e conspira a seu favor.
Por fim, chegamos ao topo da pirâmide, onde meu cume encontra com o de Maslow. Denominei de "Missão", palavra que provém do verbo latim “mittere”, "enviar".
Um missionário é uma pessoa enviada para pregar a palavra, assim como um míssil é um artefato enviado para atingir determinado alvo. Por certo, fomos todos enviados aqui à Terra para cumprir nossa missão, que é fazer esse mundo melhor do que o encontramos. Mas, infelizmente, são raras as pessoas ou líderes no mundo corporativo que transcenderam a história e o tempo e deixaram suas marcas perenemente.
Muitos indivíduos estão agarrados ao seu emprego, ficam na base da pirâmide. Alguns demasiadamente preocupados com a sua profissão, que por vez pode até ter sido mal escolhida. Outros estão bitolados e frustrados com sua trajetória profissional. Dê uma chance a si próprio e dê ouvido à sua voz interna: a sua vocação. Só você tem acesso a ela e mais ninguém.
Vendo as pirâmides de Teotihuacán, que sobrevivem a todas as intempéries por séculos e séculos, tenho certeza que os líderes da época as ergueram motivados por sua vocação e por uma missão. E nos dão uma lição valiosa: aqueles que encontrarem sua verdadeira vocação deixarão um rico legado para posterioridade.
Resta saber agora, leitor, onde você se encontra na pirâmide. Você está usando suas competências, esforços e força de vontade para escalá-la?"


* Texto de Robert Wong (autor dos livros “O Sucesso Está no Equilíbrio” e “Super Dicas para Conquistar um Ótimo Emprego” e um dos palestrantes mais inspiradores e requisitados do
mercado) - (grifos meus).
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Recebi o texto acima do meu querido irmão André.
Chegou na hora exata, já que há muitos anos reflito sobre o assunto "vocação", o que foi a causa, ou melhor, o impulso para mudanças significativas na minha vida.
Quem me conhece sabe que não sosseguei até ter certeza de estar percorrendo o caminho que realmente corresponde ao que considero ser minha vocação.
Lembro-me como se fosse hoje da minha incansável busca sobre saber o que me faria feliz em termos profissionais. Como me incomodava ver os outros falar com tanto gosto e felicidade do que faziam, do que estudavam...e eu não sentia o mesmo em relação ao meu presente e, muito menos em relação ao lugar a que esse presente iria me levar...Eu me achava estranha no meio de tanta gente determinada e decidida, para não dizer resolvida. Seria eu uma pessoa perfeccionista demais, ou seria apenas alguém que não se deixava acomodar com o "mais ou menos"?
Fiquei aliviada quando percebi que a resposta era a segunda opção...
O incômodo de não estar plenamente satisfeita com o que eu fazia, estudava, me levou a questionar pela segunda vez a faculdade em que mais tarde me formaria -
e formei.
Inicialmente, questionei apenas comigo mesma e com Deus. Rezei, pedi que o Espírito Santo me iluminasse para que eu desccobrisse minha verdadeira vocação, minha missão...
Após ter certeza de que não se tratava de nenhuma "viagem" ou insatisfação temporária, a famosa crise de identidade, questionei com os outros e, por fim, o mais difícil: questionei com os amigos e familiares...Claro, de primeira, alguns riram, outros duvidaram, alguns não acreditaram, caçoaram: "você nunca vai parar de estudar?", "meu deus, quantos cursos você já fez?", "você não sabe o que quer até hoje!?"...
Mas esse é o preço que se paga pelas suas escolhas, ainda mais quando elas fogem do padrão imposto pela sociedade: o bitolado caminho que temos que percorrer..e no tempo "certo", ai de você se chegar atrasado!
No entanto, o que muitas vezes as pessoas ignoram é que cada um tem o seu tempo e a sua maneira de se descobrir como pessoa. Isso se chama auto-conhecimento. Infelizmente, muitas pessoas passam a vida inteira sem se auto-conhecer, pois isto requer coragem de "sair da margem para o oceano", onde há tempestades, inseguranças, indecisões, dúvida...medo.
Realmente é muito mais fácil "estacionar" onde já estamos e onde já conhecemos do que nos arriscarmos em "novas terras", "novos ares".
Hoje, eu tenho certeza de que minhas dúvidas, minha inquietação e sensação de não saber o que eu queria não eram de modo algum "viagem" minha. Eram sim fontes concretas de insatisfação que, se não fossem resolvidas naquele tempo, mais cedo ou mais tarde poderiam repercutir em problemas mais graves de infelicidade, "vá saber", afetar até minha saúde...Por isso, olho para trás e vejo: como foi importante PARAR naquele momento, não ignorar o que eu sentia e questionar o que era isso, de onde surgiu, porque estava acontecendo..etc...
Muitas pessoas passam por esses momentos de inquietação e, talvez por medo ou outros motivos, ignoram as circuntâncias em que se encontram e fingem que nada está acontecendo...é uma auto blindagem...funciona na hora...mas no futuro, com certeza, mais cedo ou mais tarde, isso pode vir como uma avalanche, um vulcão em erupção, de insatisfãção, seja na vida emocional, espiritual ou profissional. O pior é quando isso vem em forma de doenças, psicológicas, psiquiátricas ou mesmo físicas e a pessoa não consegue mesmo descobrir a causa de tudo..e quem é da área da saúde sabe: tratar somente dos sintomas é, em parte, "mascarar o problema": não resolve mesmo. Além disso, adiar o problema é, às vezes, não conseguir ou não poder resolvê-lo no futuro, já que o tempo é inexorável, não se volta ao passado e há oportunidades que podem passar despercebidas...
Aos que costumam se "auto blindar", digo: a parte mais difícil é a descoberta do problema, onde e porque está errado, o que não está funcionando. Após você conhecer o que o está levando à insatisfação fica tudo mais fácil...Depois de assumido o problema, vá em busca da solução. Quando você enfim achá-la, o grau de certeza e de decisão será tão grande que, mesmo que alguns não acreditem em você incialmente, com o tempo a sua determinação na mudança não deixará dúvidas de que você realmente sabe o que quer, porque quer, aonde vai e porque vai...
Ademais, há coisas que só você pode fazer por si mesmo...há decisões, escolhas que competem somente a si mesmo...se você não o fizer, ninguém o fará...
OK, estaria mentindo se falasse que isso não traz sofrimento. Todo processo de crescimento, de amadurecimento, passa pelas profundezas do nosso eu..faz-nos perscrutar e visitar lugares até então, muitas vezes, desconhecidos...é inegável a dor que isso traz...Mas te digo: coragem em sua descoberta, não se acomode, o caminho vale a pena ! A recompensa é gratificante e a graça toda muitas vezes está no próprio caminho...

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